segunda-feira, 23 de maio de 2016

O autismo e a família, a inclusão começa em casa




Assim que recebemos o diagnóstico saímos da sala da neuro com inúmeras dúvidas e perguntas, e agora como vai ser? em um primeiro momento o primeiro impacto é a preocupação com o futuro com os nossos filhos, não temos certeza de nada e isso nos causam grandes preocupações. Logo depois que conseguimos parar um pouquinho de pensar no futuro vem a segunda parte das preocupações, hora de contar pra família, como vai ser? Como vão reagir? Na verdade eu acredito que a maioria já sabe que há alguma coisa diferente em nossos filhos, uns podem comentar com a gente mas outros não nos falam nada embora possamos acabar sabendo depois dos comentários quando não estamos presentes. .....
Tudo isso gera sempre a preocupação maior: o preconceito. Nós pais queremos proteger nossos filhos do mundo todo e infelizmente muitas vezes o preconceito vem das pessoas que estão mais próximas da criança. Na minha família nunca tivemos uma criança especial, mas Deus me presenteou com pessoas maravilhosas do meu lado que nunca fizeram diferenças com o meu filho e pelo contrário, se preciso todo mundo protege e minha família sabe o quanto sou grata por tudo o que fazem com o Miguel, eu sei que posso contar com eles pra tudo e sei que eles entendem o meu filho, claro que é tudo muito novo, ninguém sabia nada de autismo mas em cada encontro de familia eu vejo o quanto cada um se esforça para saber mais do assunto e para saber lidar com as diferenças do Miguel. Na família do meu marido o Miguel também é a primeira criança especial e tudo também é muito novo, mas todos nós vamos aprendendo com a convivência com ele. Um detalhe muito interessante é que o Miguel é uma criança muito perceptiva, ele é tipo assim "gosta muito de quem gosta muito dele"... é muito interessante como as pessoas que não se aproximam muito e ele também se mantém distante, mas as que falam com ele apesar de ele não responder por não falar, as que procuram aproximação o Miguel gosta muito, mesmo que veja essas pessoas poucas vezes ele não esquece e retribui muito bem o carinho. é incrível a percepção dele, e isso que muitas pessoas não tem noção, acham que porque nossos filhos não falam e ás vezes pode parecer distante do ambiente, que elas não entendem nada e não sabem de nada, mas eles entendem sim, percebi muito isso porque se eu falasse perto dele de determinada pessoa algo negativo, o Miguel se distanciava dessa pessoa, se fechava para a pessoa, e eu tive que mudar meus hábitos com isso, não posso comentar tudo perto dele. Ele tem as pessoas preferidas, que são aquelas que brincam com ele, que bagunçam com ele, que fazem farra com ele (e como ele gosta de uma brincadeira com bagunça) e aquelas também que te paciência e carinho por ele. O autismo muitas vezes é um enigma, as crianças autistas são muito diferentes uma das outras e por isso que eu acho que aprendemos mais com a convivência de cada um.

 A inclusão social das pessoas com autismo deve começar em casa. 

Todo autista tem direito de ser acolhido por sua família que deve ser fortalecida, instruída e instrumentalizada para defender os direitos humanos das pessoas com autismo, possibilitando seu pleno desenvolvimento e a inclusão nas sociedade. Nunca chegamos nessa fase de contar para a família porque o processo com o diagnóstico do Miguel foi muito demorado, não foi na primeira consulta com a neuro que o diagnóstico foi fechado, apesar de ele sair de lá já com o encaminhamento para as terapias, então fomos absorvendo aos pouco e acho que isso nos ajudou a superar melhor porque não tivemos muito o período do luto, quando pegamos o laudo já estávamos bem acostumados com o tal autismo. Mas o medo e a insegurança do que vamos enfrentar nas ruas e até na própria família nos fazem as vezes perder o sono. Não queremos que nossos filhos seja tratados melhores que outras crianças, queremos apenas a igualdade. Cada um reage de um jeito diante da notícia Esse texto que quis fazer um pouquinho diferente e já que estamos falando sobre a reação da família diante do autismo eu quero deixar um texto lindo que minha sobrinha querida a Evelyn Cristina fez baseada com a convivência com o meu Miguel, ela me surpreendeu e me emocionou quando me mostrou o texto, e eu quero compartilhar com vocês...


A alegria que meus pulos me trazem.

 Na maioria das vezes não nos importamos com o nosso próximo.
Deixamos de agradece-lo por mais simples o motivo que seja.
E tudo o que fizermos hoje ou deixarmos de fazer 
será lembrado em algum lugar no mundo. Para sempre.

O tempo passa... e deixamos de fazer algo para alguém que tanto precisa,
 que anseia mais que a nós mesmos. Arrependimento é bom. 
Mas para que fazer este sentimento virar rotina?
Achamos que os atos mais simples não tem importância. Estamos enganados. 
Imagine como seria a sociedade se houvesse mais amor e compreensão. 
Atos que hoje dizemos ser bobos, como ceder o lugar no ônibus
 para alguém mais necessitado, ajudar um idoso a atravessar a rua.
 Com essas pequenas ações nosso mundo seria melhor.

“Em um dia belo e ensolarado”, parei para prestar atenção em uma criança 
como qualquer outra, sorridente e contente. Mas esta criança era diferente das outras. 
Nela havia mais amor por tudo, mais gratidão. Ela girava, girava e girava... 
Sorrindo, me trazia uma alegria seu sorrisos, suas gargalhadas, sua paixão.
 O que fazia era aproveitar tudo de tão maravilhoso que o Criador nos trouxe,
 e que muitas vezes não damos a mínima.Minha vontade era de sair correndo 
para abraçá-la, e dizer a paz que ela me trouxe. Agora ela pulava. 
Seus pulos alegres me traziam um conforto. Me sentia em casa, 
a saudade de ser uma criança. 

Daquele dia em diante passei a enxergar 
tudo com outros olhos, tudo era mais belo.O sentido do sol, 
sua importância, o verde da natureza e sua beleza. O céu que tão belo e manso é.
Aquela criança é autista, mas não vejo isto pelo lado pessimista não, muito pelo contrário. 
Eu vi que ela é tão pura quanto todas as outras crianças. Nela havia muito mais que o amor, 
existia uma paixão inexplicável pela vida. Transmitia algo que nunca tinha sentido. Gratidão.
Que precisa existir no coração de todos. Ame mais. Sinta mais!

Evelyn Cristina Almeida do Carmo - 14 anos



Quando sabemos do autismo achamos que teremos que ensinar tudo a nossos filhos, mas com o passar do tempo vemos que temos muito o que aprender com eles, a família ás vezes podem parecer distantes, mas talvez seja só o medo do que é novo, mas se permitirem a aproximação vão ver que o autista antes de tudo é uma criança e podem agir naturalmente que aos poucos vocês vão descobrir um meio de interagir com elas.  Não se perde direitos por ser autista, nossos sonhos do filho perfeito parecem morrer, mas na verdade apenas teremos que sonhar diferente, com sonhos diferentes e expectativas diferentes.Com a aceitação do diagnóstico e adequada assistência especializada, os pais conseguem ir em busca de um resgate da vida, novamente se reestruturando e restabelecendo relações externas. O miguel adora uma bagunça, quer agradar ele é só bagunçar com ele e se trazer uma coca cola ou um chocolate então ele vira seu amigo na hora 'rsrs. Permita-se aprender um jeito novo de brincar com um autista, ele pode te ensinar tantas coisas, mesmo que no começo ele não se aproxime e pareça não permitir sua aproximação, insista de maneiras diferentes que com certeza você vai descobrir como viver do jeitinho dele quando estiver com ele.


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