segunda-feira, 25 de julho de 2016

E aqueles comportamentos desafiadores no meu filho autista?



E de repente vinte dias depois de ter mandando trocar a tela do meu celular porque ele já tinha quebrado, eu vejo o Miguel como celular na boca de novo e quando corro pra pegar, só escuto o som da risada dele e do vidro sendo trincado de novo. Já nem me preocupo tanto mais com a perca financeira, agora a mina preocupação é só em ver se tem algum vestígio de vidro na boca dele, e para o meu alivio não tem. Essa é só uma das "artes" que eu conversando com as terapeutas já descobrindo uma maneira melhor de agir com essas atitudes, aliás descobrimos até que tudo isso tem um lado "bom". 

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Percebemos que o Miguel tem apresentado esses comportamentos quando quer chamar a nossa atenção e esse é o lado bom, a interação, é uma busca por uma interação social conosco. teve uma época em que eu estava trabalhando bastante nas edições de fotografia e passava bom tempo no computador e o Miguel as vezes vinha me chamar, me puxando pela mão para ir até onde estava o que ele queria, uma forte característica autista, principalmente em crianças que não falam; às vezes, eu pedia para esperar só um pouquinho e ele então desligava o computador no botão de  reiniciar porque sabia que aí eu ia atendê-lo na hora, Nessa época eu achava que ele tinha tão pouca compreensão, porém essa atitude ele fazia pensada , não por um acaso. Como sempre o autista geralmente passa por diversas fases, vivemos uma em que ele provocava vômito, sempre quando queria a atenção. Colocava a mão toda dentro da boca até vomitar e eu claro, na hora já saia correndo para atende-lo e para limpar a sujeira e é aí que a terapeuta ocupacional e a psicologa disseram que Miguel continuava com esse comportamento porque ele estava conseguindo o que queria, ele gostava de nos ver sair correndo para resolver a situação, gostava de ver a nossa reação e quando fui pesquisar sobre o assunto vi que realmente isso era verdade. Fomos orientados pelas terapeutas a não reagir no primeiro instante, claro que tive que lutar contra mim mesma e não sair correndo quando ele vomitava, alias eu tentava fazer de conta que nem mesmo estava olhando e qual foi a nossa surpresa ao perceber que estava dando certo, logo o Miguel parou com essa atitude. 

Mas, vira e mexe ele aparece com um comportamento desafiador, agora ele percebeu que me deixa nervosa quando quebra o meu celular, aliás já são 5 que ele quebrou e claro que eu sempre ficava irritada e por isso ele quando pega já sabe o jeito de quebrar e o faz sorrindo, aliás, gargalhando. Esse comportamento desafiador não é exclusivo de autistas, mas conversando com algumas mães de autistas, percebi que praticamente todas o apresentam, sabem muito bem uma maneira de desestabilizar os pais e o fazem sempre. Já vi várias mães falarem que estão passando por essa fase de colocar a mão na boca e provocar o vomito, autistas são diferentes e podem não funcionar com o seu filho , mas aqui deu muito certo fazer o que as terapeutas disseram, ignorar. Quase todas as crianças sentem em algum momento a necessidade de nos levar ao limite. Alguns passam muito tempo a tentar, outros apenas o fazem ocasionalmente. Isto acontece quando o seu filho faz uma alguma coisa, mesmo sabendo que você não quer que ele faça isso. Pode ser fazer xixi no chão em vez de fazer no banheiro, desenhar nas paredes, cuspir a comida, entornar água, dizer palavrões, atirar com um brinquedo ao chão ou quebra-lo mesmo. Porque nos desafiam as nossas crianças? Pode ser porque é  divertido, simplesmente porque é divertido. Autistas também se divertem. e podemos ser muito divertidos para os nossos filhos.aliás ser divertidos para nossos filhos as vezes é ótimo. 

As nossas reações às vezes chegam a ser desproporcionadas relativamente ao que eles fizeram. Todos nós já passamos pelo momento em que perguntamos porque agimos de tal maneira com nossos filhos ao voltar-lhes as costas . É por estas reações extremadas que as nossas crianças começar a procurar uma e outra vez. Todos nós já o fizemos também com outras pessoas. Fazemos isso, não só enquanto crianças, mas também enquanto adultos.  PORQUE?: Porque pensamos que a reação é engraçada, talvez também façam porque eles sentem-se poderosos. Quando nossos filhos percebem que podem provocar uma reação de nós, e que não é apenas por diversão, mas porque também lhes dá uma sensação de poder. As nossas crianças começam a perceber que agora podem "fazer" outra pessoa reagir. Junto com esse novo poder encontrado vem previsibilidade e controle. Ganhar o controle sobre as suas vidas é muito importante   para os nossos filhos -   assim, "desafiar" torna-se outra maneira de conseguir esse controle.Toda vez que faço "tal coisa" a mãe faz "uma outra tal coisa".

Isso pode parecer um pouco difícil para algumas crianças autistas severas que muitas vezes achamos que nem mesmo compreendem o que acontece ao seu redor, mas talvez estejamos subestimando essa criança e isso até nos serve de alerta. As vezes devemos acreditar mais no potencial das nossas crianças. 

E a parte boa que a terapeuta me explicou é que eles estão a tornar-se mais interativos. Se achar que o seu filho está a atravessar um período particularmente intenso de a desafiar pode ser porque se tornou menos exclusivo e está a crescer na sua capacidade de interagir. Quando uma criança com autismo se torna mais consciente do seu ambiente começa a perceber que o que faz pode provocar uma reação noutra pessoa e que ela reaja de uma determinada maneira. Se for o caso do seu filho,  este é um momento  importante do seu crescimento. Eles estão aborrecidos. Tentar desafiar pode ser também um sinal de tédio. Se o seu filho tem aumentado a frequência com que a desafia, isso pode ser um sinal de que ele está a ser sub-estimulado. Eles são desafiadores, como forma de entretenimento, porque não têm nada melhor para fazer. Muitas vezes os programas escolares ou programas domiciliares podem-se tornar monótonos. Há medida que a criança cresce, têm uma maior necessidade de atividades mais interessantes e mais desafiadoras. Reavalie o programa do seu filho para ver se é o caso. As terapeutas me disseram pra tentar ter a certeza que a atitude do meu filho realmente é um comportamento desafiador,  A peça chave que eu deveria procurar é "qual é a motivação do meu filho"?   Se a atenção do seu filho estiver na atitude, o mais provável é que não seja um comportamento desafiador. Se a atenção do seu filho está em si e na sua reação à atitude,  é mais provável que seja um comportamento desafiador. Procure ver se ele está a olhar para você logo após ter feito atividade, ou se olha para você enquanto faz, se ele riu quando viu a sua reação ao que ele acabou de fazer,  ou se voltou a fazer olhando para você logo após você ter pedido que ele não fizesse. As nossas crianças desafiam-nos para explorar a nossa reação a sua ação. Quando a nossa reação é interessante para eles,   eles continuam.

A forma mais rápida para parar os comportamentos desafiantes do seu filho é desativar esse comportamento, alterando sua reação. Sei que é difícil, depois de jogar a mamadeira inteira pela sala que acabei de limpar, uma outra coisa que o Miguel faz, a minha vontade é de repreendê-lo com um grito, mas não o faço, se vejo que vou perder o controle, saio de perto por 10 segundos e volto na maior tranquilidade possível, se você está realmente furioso, vai notar-se na sua cara e na sua linguagem corporal. Os nossos filhos são mestres na detecção dessa nossa atitude. Eles sabem quando nos sentimos furiosos, ou desconfortáveis. Não conseguimos enganá-los. Então, sim, é muito importante mudar a nossa reação externa, mas também os nossos pensamentos e sentimentos internos, por isso tento não olhar para ele e até saio de perto por alguns segundo para eu ter a certeza que vou conseguir me manter calma. O importante é tentar reagir o menos possível. Não manifeste verbalmente ou fisicamente que o incomoda o fato dele jogar o suco no chão, por exemplo. Se estiverem a jogar um jogo juntos, continue com o jogo. Se estiver a falar com ele, continue com a conversa. Se está envolvido com a sua própria atividade, continue com essa atividade. Mostre-lhe que jogar o suco no chão não a afeta emocionalmente. Aguarde alguns minutos antes de limpar. Você pode limpar  o chão, ou naturalmente pedir à criança para limpar.  Não é fácil, mamãe, eu sei que não é e entendo perfeitamente, mas já vi que aqui dá muito certo isso e por isso continuo firme nesse proposito de ignorar a situação, e quando ele dá aquele sorriso dá vontade de morder as bochechas fofas, mas sou mãe e preciso mostra que eu mando e tenho e tenho o controle da situação. Não se esqueça de incentivar seu filho a ter um bom comportamento. Sempre que ele for bonzinho e compreensivo, faça um elogio e demonstre sua satisfação com um abraço, um beijo ou mesmo um sorriso. Reforçar as atitudes positivas, mesmo as mais simples, é o correto.



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