quinta-feira, 9 de junho de 2016

Não tire os olhos do seu filho autista! Todo o cuidado é pouco.





Qual criança nunca aprontou uma arte de deixar os pais de "cabelo em pé" de preocupação? Nossos pequenos autistas tendem a aprontar um pouquinho mais, e isso requer uma atenção intensa sobre nossos filhos e acredite não é exagero, geralmente eles são muito rápidos e basta poucos segundos de descuidos para aprontarem uma daquelas... Eu não vou ficar falando na parte científica de pesquisas porque acho isso um pouco chato de ficar lendo todos aqueles números, o que realmente importa é que o perigo é real e precisamos ficar sempre de olhos muito bem abertos nos nossos pequenos. Uma das características do autismo é justamente a falta de noção do perigo, onde não reconhece situações em que possa se ferir, não tem medo de altura e ausência ou pouca sensibilidade à dor fazem com que até mesmo se a criança se machucar nem mesmo chore de dor.

......


Aqui em casa eu já tive um praticante de Le Parkour, ele pulava do sofá para a mesa de jantar, para uma cadeira, para a escrivaninha do computador e para o que mais estivesse por perto. Sem falar nas vezes em que subia nas janelas, enfim ele adora alturas até hoje, mas já deixou de fazer algumas travessuras. Mas não posso descuidar nunca, esses dias fui tomar banho e deixei ele assistindo TV, quando voltei (isso porque tomei banho com a porta aberta, conversando com ele o tempo todo para tentar manter ele por perto) mas ele já estava dentro do tanque e então não deixo mais nem mesmo para tomar banho, tenho que esperar meu marido chegar. E assim é a minha vida de mãe de um garotinho lindo, sapeca e autista, quem não conhece o autismo pode me julgar uma mãe super protetora mas eu sei que não posso descuidar do meu filho.


Quando saímos na rua, se tenho que ir sem meu marido para me ajudar eu prefiro usar a polêmica mochila com contenção, pelo menos sei que ele não vai sair correndo no meio da rua sem que eu possa alcançá-lo, ele é muito rápido e qualquer descuido ele pode ir correndo sem uma direção certa ou se eu passar em frente a um lugar que ele goste, com certeza ele vai correr para entrar, mesmo se estivermos do outro lado da rua. O Miguel também é apaixonado por carros e pode muito bem acabar entrando na frente de um  por querer se aproximar mesmo que ele esteja andando. Outra situação de perigo é com água, infelizmente vemos muitos e muitos casos de crianças autistas que morreram afogadas, os números de casos são alarmantes.


O Miguel tem fissura por água, ama água e quer brincar seja em uma pequena poça de água ou em uma piscina gigante. 

No casamento da minha irmã, enquanto eu fotografava em 2 segundos de descuido do meu marido ele pulou dentro da piscina, ainda bem que tinha uns adolescente na piscina que pegaram ele até meu marido chegar, ele parece um peixinho, tem atração pra água. Outro perigo é que autistas podem sair a vagar erraticamente e colocar-se em perigo em potencial, e isso é umas das grandes causas de mortes de autistas. Eles podem fugirem, mais comumente, de casa, de uma loja ou da sala de aula, esse impasse pode ter foco na intenção de ir a algum lugar ou fazer algo, pois podem estar confusos ou perdidos. Infelizmente, isso pode causar lesões por acidentes de trânsito ou afogamento, entre outras calamidades, ela ainda tem dificuldade em distinguir a diferença entre pessoas familiares e estranhos e ter mudanças de humor repentinas.


Também estão mais propensas a reagir de forma exagerada a situações e pessoas, se irritarem rapidamente, e a entrar em pânico quando confrontados com a mudança ou novas situações. Para agravar o problema, a maioria dessas crianças não são capazes de comunicar seu nome, endereço, ou telefone. Aqui o perigos com o Miguel também é um desses fatores, tenho medo que se alguém parar o carro e chamá-lo ele entrar, mesmo não conhecendo a pessoa, só para andar de carro que adora. Passamos já um susto enorme em um dia em que estávamos eu meu marido e o Miguel em um passeio em um pequeno shopping de lojas populares aqui em Londrina. Paramos em uma loja para meu marido comprar uma mochila para ele e eu segurando o Miguel (naquele dia não tínhamos levado o contentor), meu marido pediu para mim ver a bolsa se era de boa qualidade, eu então soltei o Miguel e falei par ele assumir enquanto eu olhava a bolsa, foi o tempo que peguei a bolsa e olhei meu marido não estava segurando o Miguel, perguntei por ele já com o coração  na mão porque conheço o meu filho e já sai da loja para procurar, meu marido foi para um lado e eu para outro e nada de vermos o Miguel. Já entrei em desespero e falei com os seguranças do lugar enquanto cada um ia pra um lado procurar o Miguel. Mil coisas passava por minha cabeça e posso te falar que foi a pior sensação e os piores momentos da minha vida, depois de acho que uns 5 minutos que pra mim pareceu 5 horas passei por uma loja de brinquedos e ouvi alguém me chamando pelo nome, quando olhei era uma amiga mãe de menininho autista que faz as terapias no mesmo lugar que o Miguel que estava trabalhando nesse loja, ela me perguntou se eu estava procurando o Miguel e me levou até ele que estava sentando no chão tranquilamente brincando com um caminhão. Foi por Deus aquela amiga estar trabalhando temporariamente naquela loja, claro que por ser de brinquedos chamou a atenção do Miguel, mas ele a reconheceu também e por isso ficou lá tranquilamente. Mas foi o pior dia da minha vida.


Dentre todos esses perigos, ainda existem os dentro da própria escola se ela não estiver preparada para fazer uma verdadeira inclusão,  e pode acontecer o bullying, apanhar de colegas ou serem deixados por ultimo na escolha de uma equipe, ou até mesmo o isolamento e restrição de movimentos que podem incluir aparelhos que podem causar graves lesões no autista. E está aumentando o numero de casos de afogamento na hora da alimentação, muitas porque a escola deixa a criança comer sozinha e muitas apresentam dificuldades até mesmo para engolir.  E ainda sofremos com o medo de abuso sexual que já é difícil para uma criança tipica contar, imagina para um autista com dificuldades ou ausência de fala. Por isso não podemos descuidar nunca, e para prevenir alguns desses risco, existem algumas atitudes nossas que podem ajudar nossos filhos.


Existem pulseiras e eu até já fui ver pra mandar fazer pro Miguel, pode ser de ouro ou de prata, e você manda gravar o nome, o telefone dos pais e até endereço, e não fica caro, uma de prata eu vi a partir de R$60,00, vendo o custo/beneficio eu acho que vale muito a pena. Se você tiver condições, coloque seu filho na natação, a maioria das crianças autistas amam água e além de ser uma diversão, ele ainda vai aprender a nadar e consequentemente diminuirá os riscos por afogamentos. Se você for a uma piscina e ele não sabe nadar, você pode usar uma boia redonda e as de braço como o Miguel está na foto porque não tem perigo da criança afundar, usamos assim no Miguel e aqui conseguimos com sucesso porque ele podia ficar sozinho, não precisávamos segurar, claro que pode não funcionar com seu filho, não sabemos das particularidades de cada um. Se seu filho já for grandinho e entender bem o que você fala, ensine que ninguém pode tocar em suas partes intimas, a não ser você e quem te ajuda a cuidar dele. Faça umas visitas surpresa a escola e fique atento as mudanças de comportamentos do seu filho, pense na possibilidade de usar um contentor, embora algumas pessoas sejam extremamente contra eu acho que vale a pena se o risco é maior que a sua resistência em usar. Não adianta fechar os olhos e achar que nunca irá acontecer! O importante é prevenir e prestar muita atenção nos detalhes comportamentais dos nossos filhos típicos ou não! Não adianta acharmos que nunca vai acontecer conosco, acharmos que a nossa proteção sempre será suficiente se não estivermos prontos a sempre aprender mais. Precaução nunca é demais!



VOCE TAMBEM PODE GOSTAR DISSO:

Será que já é hora do meu filho dormir na própria cama? 

Postagem anterior
Próximo post

17 comentários:

  1. Olá, estou adorando esta page, Meu filho tem autismo leve, mas já usava essas mochilinhas com cordinha bem antes de saber do diagnóstico, ouço elogios de um lado criticas de outro, muitas mães expressam desejo de usar mas não usam com medo do preconceito, você poderia fazer um post sobre elas? encorajaria outras mães a usarem, poderia mostrar umas fotos da mochilinha e falar onde comprar, o meu filho tem duas um panda da marca jeep que comprei no site da klin e uma de morcego da urban que comprei no baby.com.br. Em outros países se usa muito e não só pra crianças especiais e existem vários modelos as do tipo mochilinha, o coletinho e o cordão de pulso.

    ResponderExcluir
  2. O que é o contentor que você falou na materia...
    Obrigada... Alice.

    ResponderExcluir
  3. Oi ALice Garcia, o contentor é uma mochila que você põe na criança e ela tem uma guia, que você prende no seu braço e a criança não consegue sair correndo. No proximo post eu postei uma foto, vou deixar o link pra vc
    http://diferenteedaiautismo.blogspot.com.br/2016/06/dicas-para-facilitar-o-dia-dia-com-seu.html

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. obrigada pelo retorno... vou olhar a foto. Um abraço.

      Excluir
  4. Nossa q incrivel! Fui lendo e parece q esta falando do meu filho, ja passei por essas situações, ele é muito sem "noção" d perigo etc. Porém os profissionais q o acompanham diz q ele ñ é "autista", mas eu identifico tantas coisas; eles alegam so porque ele tem "boa" interação social, conversa do "jeito dele", com as pessoas e praticamente c qqr um. Difícil viu, estou sempre atenta a tudo dentro ou fora d casa, devido a isso, sem noção e minha família m crítica q sou "exagerada"! Parabéns e obrigada pelo texto@

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. As vezes um diagnóstico é tao complicado ne. Meu filho demorou demais pra ter um diagnóstico tbm porque algumas coisas que ele faz é bem diferente dos autistas tbm e na verdade ate hoje a pediatra do posto perto de casa fala que ele nao é autista. Mas corre atrás sim, nós mães sabemos quando algo esta diferente...

      Excluir
  5. Por que o Autista tem dificuldade de engolir ?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ola Sam. Os autistas geralmente nao tem uma mastigação bem correta, vou fazer um post sobre o assunto mas ate mesmo as dificuldades na coordenação motora estao relacionadas. Muitas engole o alimento sem muito mastigar e quase inteiro fica facil afogar isso sem falae que alguns nao tem a noção exata da quantidade correta que coloca na boca, meu filho mesmo é assum, coloca demais. Isso tem a ver com o sensorial. Ja fiz um post sobre o sensorial, pode esclarecer um pouquinho tbm.

      Excluir
  6. O meu menino é exatamente assim... Sobe nos móveis, na parede, sai correndo do nada...Já me disseram que eu exagero na vigilância. Mas isso foi antes dele "roubar as chaves" aproveitando nossa distração, e sair vagando sem rumo pela cidade. Teve força tarefa pra procurar... Foi encontrado pela polícia alguns quilômetros longe de casa, num local super movimentado e próximo de corrego... Felizmente não se machucou... Mas poderia... Isso não aconteceu só uma vez... Agora deixo o portão de casa fechado com cadeado de senha...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nossa Carmen que susto hein. Imagino que vc quase teve um mini infarto ne. Morro de medo com meu filho ele é muito rapido.

      Excluir
  7. Obrigada por compartilhar sua experiência. Ajuda muito as famílias que vivem essa realidade. Você é iluminada. Obrigada mesmo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado vc pelo carinho Katia. Vamos seguindo nossos caminhos vivendo da melhor forma possivel. Bjs

      Excluir
  8. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  9. Meu filho te 4 anos, E n foi diagnosticado com autismo , já levei no neuropediatra na fono e eles falam que é devido às complicações que ele teve no parto. Mais sabe eu sei que não é tido q eu li no post ele faz: ele ama água, ama um carro, não tem noção do perigo e n mastiga direito eu tenho que tá por perto quando ele está comendo. O que eu faço?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Dayane. Então, quem faz o diagnóstico é o neuropediatra mesmo, mas te aconselho a procurar mais de um, se o último não te agradou, procure uma segunda opniao. Melhor pecar pelo excesso. Com o meu filho a primeiro neuro tbm disse que ele não era e era nítido que meu filho era autista, então, se julgar necessário procure mais de uma opinião. Mãe sente né quanto tem algo diferente,nosso sexto sentido.

      Excluir
  10. Muito obrigada por compartilhar conosco sua experiência.

    ResponderExcluir
  11. Meu filho tem 40 anos e tem muitas características de autismo, palavras do médico, mas com o relato que li me identifiquei,com muitas situações, de passado e do presente ,ao ler tive a sensação q eu escrevi,meu filho tem hipotireoidismo congênito,e o autismo veio junto, muitas síndromes vem com autismo...

    ResponderExcluir

‹‹ Postagem mais recente Postagem mais antiga ››