Eu pensei, pensei ... e pensei de novo antes de escrever esse texto, e resolvi escrever em parte com a razão e em parte com o coração, o assunto é sério e merece todo cuidado. Quando somos adolescentes sonhamos e planejamos um futuro tão brilhante a nossa maneira e achamos que já está tudo traçado, a maioria das garotas já sonham com sua família formada por ela, o marido e um ou dois filhos, quem sabe mais, eu nessa época achava que teria dois. O tempo passa, casamos, temos o primeiro filho e alguém sempre pergunta "Você quer ter mais filhos?". Quando o Miguel nasceu, eu acho que não tinha muito isso definido, mas acho que eu estava mais pro não do que pra sim. Aliás, me parece que a maioria das mulheres passam por uma fase em que tem certeza que não terão um outro filho, o primeiro já mudou tanto a vida, as vezes vão crescendo e o trabalho de cuidar de um é tanto que não queremos o trabalho dobrado.
Quando chega o diagnóstico do autismo vem aquele susto e de repente no deparamos com a realidade, temos um filho especial e como será o futuro? Cheio de incertezas, vamos vivendo um dia de cada vez, e mesmo tendo que mudar toda a rotina da casa acabamos nos acostumando com a nova vida de terapias, médicos, medicação, stress e vamos nos adaptando a vida nova. Acho que depois que as coisas vão se acalmando, vem a pergunta inevitável pro casal "Vamos ter um outro filho ou não?" Eu não vou falar muito na questão de números, mas sabemos que quem tem um filho autista tem entre 15 e 20% de chances de ter um outro filho autista, isso porque o autismo é de fundo genético, e essas chances aumentam se tiver alguém na família com esquizofrenia ou transtorno bipolar. Não parece muito, mas comparado ao restante da população que é de 1 % , se torna um pouco assustador.
Desde que recebi o diagnóstico do Miguel eu tinha certeza, não terei outro filho. Meu marido, porém, sempre comentava em ter outro e eu sempre falando pra ele que não. Mas com o passar do tempo esse sentimento foi mudando, cada vez que vejo uma criança, me vem o desejo de ter um segundo filho, e como eu trabalho fotografando bebês, fico louca cada vez que vou fotografar um pequeno. Resolvi sentar e conversar com meu marido, e em comum acordo decidimos que vamos ter um outro filho, claro que não nesse exato momento, temos que acertar muito a nossa vida financeira, mas queremos sim, e geralmente eu não conto nossa decisão porque a primeira coisa que uma pessoa que conversa comigo sobre o meu filho me fala é "Você vai querer ter mais filhos? E se você tiver outro autista?" Todo mundo quer dar palpites na nossa vida, mas a vida diária, a nossa rotina quem vive somos nós, se vamos dar conta de mais um filho, só eu e meu marido sabemos e temos plena consciência de arcar com as consequências da nossa decisão. Se vier um outro autista, vai ser tão amado como o Miguel é, e se a minha missão for ser mãe de duas crianças especiais, eu serei, mais não vou deixar de realizar meu sonho de ter mais um filho por medo de ter mais um especial, meu desejo é maior que o medo.
Se assim for, eu não serei a primeira e nem a ultima mulher, sempre que vou ao centro aqui da minha cidade, vejo uma mulher que pra mim é uma exemplo de superação e força, quero ainda conversar com ela pra fazer um post aqui, ela é bem jovem, e sempre está com os três filhos, uma menina linda cadeirante de uns 3 anos e um menino por volta de 5 anos que vai bonitinho segurando na cadeira da irmã e uma bebê por volta de 6 meses que ela leva no canguru. Ela sempre está sozinha com as crianças, sem nenhum ajudante. Sempre que vejo admiro a atitude dela, porque acho que eu na situação dela talvez não saísse de casa sozinha nunca, sempre acharia que não daria conta, e ela está lá firme e forte, seguindo sua vida da melhor maneira que ela pode. Há quem diga que eu sou muito positiva, mas já que eu tomei a decisão vou ser positiva sim e acreditar que tudo vai ficar bem. Há relatos de crianças autistas que tiveram grandes progressos com a chegada do irmão e há relatos de regressão também, assim como também existem pais que depois do segundo filho acabaram deixando o autista um pouco de lado por finalmente estar vivendo a maternidade e paternidade sonhada, ou crianças típicas que nasceram depois do autistas e crescem sentindo-se menos cuidado pelos pais porque o cuidado com a crianças autista sempre existe um tempo maior.
Essa é uma decisão exclusiva do casal, eu sei que tem casais que não tem condições financeira e nem emocional par ter um outro filho, por isso respeitos todas as decisões e posições, não estou aqui para dizer pra você ter ou não, não quero te influenciar, aliás a decisão é exclusivamente sua e do seu marido. Se você tem o desejo de ter outro filho, esse é um direito seu e ninguém pode interferir. Talvez você tenha o desejo de viver o outro lado da maternidade comum, já que você já conhece o lado da maternidade especial. Quem nunca sonhou em ouvir o seu filho te chamando de mamãe? Quem nunca sonhou em ver seu bebê tão pequeno e já conversando como gente grande? Quem nunca assistiu aqueles videos de crianças que bombam na internet com diálogos e atitudes inesperadas de gente grande, naqueles pequenos pingo de gente e desejou que seu filho fosse assim? Quem nunca sonhou em ver sua filha indo pra aula de balé ou seu filho indo para a aula de futebol? Ninguém pode te julgar por desejar isso.
Mas você tem que pensar e repensar a respeito porque depois não poderá voltar atrás, e terá que arcar com a sua escolha. Quando o autismo se repete no segundo filho, pode vir em uma grau mais elevado e você deve estar preparado para este risco. Se um filho autista já é trabalhoso, imagina dois, terapias são caras e nem todos tem acesso a essas terapias pelo SUS. Aliás, até mesmo quem não tem filho especial, tem pensar bem antes da decisão de um outro filho porque custo de vida é caro, educação não é fácil, se formos para o lado racional ficamos apenas com um filho. Eu estava lendo sobre a maternidade depois do autismo, e vi que um segundo filho depois do autismo é mais decisão emocional do que racional, e concordo plenamente, quando decidimos aqui em casa que daqui a um tempo vamos planejar um outro filho é uma decisão totalmente emocional. Não tem muito o que falar, apenas fiz este post para dizer a você que decidiu não ter outro filho que está tudo bem, você tem razões para isso e sabe o que é capaz de suportar, e respeito sua decisão. E pra você que como eu quer ter um outro filho, também está tudo bem você tem o seu direito, acredito que esteja ciente da sua realidade e também dos riscos que corre, mas o desejo fala além, eu sei bem como é isso.
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Quando chega o diagnóstico do autismo vem aquele susto e de repente no deparamos com a realidade, temos um filho especial e como será o futuro? Cheio de incertezas, vamos vivendo um dia de cada vez, e mesmo tendo que mudar toda a rotina da casa acabamos nos acostumando com a nova vida de terapias, médicos, medicação, stress e vamos nos adaptando a vida nova. Acho que depois que as coisas vão se acalmando, vem a pergunta inevitável pro casal "Vamos ter um outro filho ou não?" Eu não vou falar muito na questão de números, mas sabemos que quem tem um filho autista tem entre 15 e 20% de chances de ter um outro filho autista, isso porque o autismo é de fundo genético, e essas chances aumentam se tiver alguém na família com esquizofrenia ou transtorno bipolar. Não parece muito, mas comparado ao restante da população que é de 1 % , se torna um pouco assustador.
Miguel com 2 anos, numa bela tarde de passeio no parque. |
Se assim for, eu não serei a primeira e nem a ultima mulher, sempre que vou ao centro aqui da minha cidade, vejo uma mulher que pra mim é uma exemplo de superação e força, quero ainda conversar com ela pra fazer um post aqui, ela é bem jovem, e sempre está com os três filhos, uma menina linda cadeirante de uns 3 anos e um menino por volta de 5 anos que vai bonitinho segurando na cadeira da irmã e uma bebê por volta de 6 meses que ela leva no canguru. Ela sempre está sozinha com as crianças, sem nenhum ajudante. Sempre que vejo admiro a atitude dela, porque acho que eu na situação dela talvez não saísse de casa sozinha nunca, sempre acharia que não daria conta, e ela está lá firme e forte, seguindo sua vida da melhor maneira que ela pode. Há quem diga que eu sou muito positiva, mas já que eu tomei a decisão vou ser positiva sim e acreditar que tudo vai ficar bem. Há relatos de crianças autistas que tiveram grandes progressos com a chegada do irmão e há relatos de regressão também, assim como também existem pais que depois do segundo filho acabaram deixando o autista um pouco de lado por finalmente estar vivendo a maternidade e paternidade sonhada, ou crianças típicas que nasceram depois do autistas e crescem sentindo-se menos cuidado pelos pais porque o cuidado com a crianças autista sempre existe um tempo maior.
Eu não sou muito a favor de pais que tem o segundo filho na intenção que ele cuide do irmão autista quando eles morrerem, essa não é uma garantia e além disso eu acho um pouco injusto, acaba parecendo que o segundo só foi planejado para cuidar do irmão, entende o que quero dizer?
Essa é uma decisão exclusiva do casal, eu sei que tem casais que não tem condições financeira e nem emocional par ter um outro filho, por isso respeitos todas as decisões e posições, não estou aqui para dizer pra você ter ou não, não quero te influenciar, aliás a decisão é exclusivamente sua e do seu marido. Se você tem o desejo de ter outro filho, esse é um direito seu e ninguém pode interferir. Talvez você tenha o desejo de viver o outro lado da maternidade comum, já que você já conhece o lado da maternidade especial. Quem nunca sonhou em ouvir o seu filho te chamando de mamãe? Quem nunca sonhou em ver seu bebê tão pequeno e já conversando como gente grande? Quem nunca assistiu aqueles videos de crianças que bombam na internet com diálogos e atitudes inesperadas de gente grande, naqueles pequenos pingo de gente e desejou que seu filho fosse assim? Quem nunca sonhou em ver sua filha indo pra aula de balé ou seu filho indo para a aula de futebol? Ninguém pode te julgar por desejar isso.
Mas você tem que pensar e repensar a respeito porque depois não poderá voltar atrás, e terá que arcar com a sua escolha. Quando o autismo se repete no segundo filho, pode vir em uma grau mais elevado e você deve estar preparado para este risco. Se um filho autista já é trabalhoso, imagina dois, terapias são caras e nem todos tem acesso a essas terapias pelo SUS. Aliás, até mesmo quem não tem filho especial, tem pensar bem antes da decisão de um outro filho porque custo de vida é caro, educação não é fácil, se formos para o lado racional ficamos apenas com um filho. Eu estava lendo sobre a maternidade depois do autismo, e vi que um segundo filho depois do autismo é mais decisão emocional do que racional, e concordo plenamente, quando decidimos aqui em casa que daqui a um tempo vamos planejar um outro filho é uma decisão totalmente emocional. Não tem muito o que falar, apenas fiz este post para dizer a você que decidiu não ter outro filho que está tudo bem, você tem razões para isso e sabe o que é capaz de suportar, e respeito sua decisão. E pra você que como eu quer ter um outro filho, também está tudo bem você tem o seu direito, acredito que esteja ciente da sua realidade e também dos riscos que corre, mas o desejo fala além, eu sei bem como é isso.
Oi, Joice! Tudo bom? Sou jornalista e gostaria de falar com você sobre um texto que estou fazendo para o meu blog sobre crianças com deficiência e o casamento. Você pode conversar comigo? Obrigada. Um beijo. Bell Kranz
ResponderExcluirDesculpe, não passei meu contato. Meu nome é Bell Kranz. Segue link do meu blog. Obrigada. http://casardescasarrecasar.com.br/
ResponderExcluirBell, te enviei um email
ResponderExcluirLindo texto ... eu tbém tive essas mesmas dúvidas em relação a ter o segundo filho , no meu caso foi meu filho Kauã que tem espectro de autismo , que me influenciou a ter , ou melhor a lhe dar um irmãozinho ... e após algum tempo , realizei essa vontade dele de ter um irmão .O Kauã tem muita dificuldade em se socializar , mais fez questão de participar de todas as consultas de pre natal,se emocionava toda vez em que ouvia o coração do irmão e no dia tão esperado ele estava lá ... Nasceu o Kaiky ( nome escolhido por ele)um Bb saudável e lindo ..." foi a cena mais linda que eu já presenciei ,a felicidade dele em conhecer o seu tão esperado e amado irmão " . Em relação ao autismo do kau ele progrediu muito depois que o irmão nasceu , apesar da diferença de sete anos,O Kau hoje com 10 e o Iky com 3, eles são super parceiros , o kau se socializa mais , brincam juntos, brigam , mas depois estão se abraçando se declarando um p/ o outro ... rs .Amo demais esses bagunceiros e hoje acredito que foi a minha melhor decisão.
ResponderExcluirPrimeira vez q leio o blog , amei o texto , bem real, direto e a ensato ! Eu e meu esposo também decidimos ter o segundo agora , minha filha está com 5 anos e temos o diagnóstico desde os seus 2 anos ! No início nem pensava na ideia , depois ele me convenceu ! Agora estou grávida de 4 meses, e descobrimos que é menjno, não vou negar q o medo não dá trégua , mas o lado emocional fala mais alto ! Tenho fé que tudo dará certo ! Bjs
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá, eu tenho o Théo de 12 anos, o Nick de 3 anos e a Ágatha de 1 aninho.
ResponderExcluirThéo é neurotípico, quando o Nick estava com 1 ano e meio, eu troquei de anticoncepcional e me descuidei e engravidei da Ágatha, fiquei muito preocupada no início porque sabia que Nick era diferente mas a Pediatra disse que até os 3 anos era normal certas atitudes...
Fazem só 6 meses que a fono percebeu e falou com a pediatra para iniciar investigação e tratamento sobre TEA, e então agora com o tratamento ele está bem melhor. A Ágatha as vezes tem certos comportamentos que me fazem pensar no autismo, mas ela pode estar só imitando o irmão, estou observando...
Mas sobre ter outro filho após ter um com TEA, mesmo que eu não soubesse, o que posso dizer é que eles são muito felizes, Nick melhorou muito sobre receber e dar carinho, quando estão com outras crianças a Ágatha rompe a barreira de iniciar a socializaçao pois já chega brincando e ele para acompanhar ela começa a brincar com outras crianças tbm...
Antes ele ficava olhando e não sabia como iniciar a aproximação com os outros e a Ágatha facilita essa aproximação.
Eles se cuidam mutuamente é muito lindo, e é automático de forma natural, eles se cuidam e se amam!
Meu maior desejo era ter três filhos,mais minha pequena Mirella é autista e nao Tenho forças Para suportar outro Filho assim prefiro näo arricar,boa sorte pra você que deus Te guie nessa jornada..
ResponderExcluirTenho a Júlia de 2 anos e nove meses Autista e tenho a Carolina de 1ano e nove meses não autista ,a Carol veio pra ajudar a Júlia e tem sido muito bom que tivemos outra bebê pois é incomparável a mudança e o companheirismo das duas !!!
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