quinta-feira, 14 de abril de 2016

Passear com seu filho autista? Sim, pode e deve...



Miguel brincando no parquinho
Você que adorava passear com seu bebê, desfilando e exibindo pra todos o seu lindo bebezinho; e derrepente você se vê sem vontade de sair de casa a não ser pra ir no portão. Já sabe de tudo o que vai ter que enfrentar se resolver ir até a esquina e pensando bem, parece bem melhor ficar em casa e deixar ele assistir aquele filme que ele adora e você acaba acompanhando, que você até já decorou todas as falas... O casal então só come fora se for jantar na varanda e comida diferente só naqueles restaurantes e fast food que entregam. E sem perceber você está quase virando parte da mobília da casa, já nem se lembra quando foi o último passeio, ou então você até sai mas se alguém ficar com seu filho. E isso parece ter virado uma sentença desde que seu filho autista começou a crescer e ficar mais difícil de você controlar, mas você precisa saber que sua vida não acabou, que merece e deve sair como qualquer outra pessoa. Aí você me fala, Joyce, você tem idéia do que eu passo se eu sair com meu filho? E eu te respondo, Sim eu sei perfeitamente.


Quando o Miguel tinha 2 anos, fizemos uma viagem para Joinville - SC na casa dos meus cunhados, isso foi bem antes do diagnóstico. A viagem foi ótima e o Miguel adorou a praia, não deu trabalho algum a não ser por um certo episódio. Um dia a noite fomos em uma pizzaria, eu meu marido e Miguel, minha cunhada e o marido dela além dos pais dela e a sua cunhada, ou seja uma galera toda reunida, e lá passamos a maior vergonha da nossa vida 'rsrs .....
Hoje a gente ri mas no dia foi terrível, o Miguel não quis sentar de jeito nenhum, queria andar pela pizzaria inteira e aprontou o maior berreiro, fez o maior escândalo eu não conseguia acalmá-lo, não sabia se chorava, se brigava, se gritava, se saia correndo, enfim... E depois com os sintomas parecendo cada vez mais ele ia piorando. Quando íamos na igreja era um terror, o Miguel ficava correndo pela igreja inteira, não sentava um só minuto e queria ficar fazendo barulho na bateria, eu e meu marido não conseguamos ouvir nada dos sermões ministrados e na maioria das vezes ficávamos do lado de fora. E para piorar não dava pra ir com o Miguel em lanchonete, sorveteria, pizzaria ou seja nenhum lugar que fosse um salão fechado.


Na semana passada em uma reunião na escola do Miguel em uma dinâmica foi citado a dificuldade de sair de casa e a psicologa deu várias dicas e também vou tentar falar algumas coisas que funcionam comigo.

  Na igreja conseguimos resolver em um dia que eu me irritei com a situação, não aguentava mais, levei o Miguel lá pra fora e falei brava com ele com uma autoridade que eu nunca tinha falado, briguei com ele e levei para dentro e o sentei no meu colo.

Coincidência ou não depois daquele dia o Miguel nunca mais deu trabalho, quando vamos a igreja ele fica o tempo todo sentado no meu colo e do meu marido. Hoje ele toma risperidona também que ajuda em muito ele ficar mais calmo e como ele toma a noite eu dou antes de ir pra igreja e ele dorme logo que chega. Hoje vamos sempre a pizzarias e lanchonetes e lugares como esse. O miguel adora ir ao shopping e sempre gostou, e sei que alguns autistas não gostam, e realmente locais assim não é um bom lugar para você começar levar o seu filho. Comece por lugares que tem menos gente, sabe aquele dia de semana que a lanchonete está quase vazia? Vá de início nessa mesmo para que seu filho vá se acostumando. O Miguel não gosta de pizza e nem de lanches, então eu levo uma coisa que ele goste e sempre os copos que ele bebe refrigerante e agora até conseguimos sentar ele em uma cadeira daquelas de criança,  ele fica lá bebendo refrigerante assim dá um tempo da gente comer, depois de beber o refrigerante ele quer logo sair, mas já vejo um grande progresso nisso.


Uma outra dica boa é você escolher lugares que tem playground ( parquinhos) e deixe seu filho ser feliz. Imagino que você já tenha passado pelo mesmo que eu, as outras mães ir tirar os filhos de perto do seu, até parece que seu filho vai matar a outra criança, é humilhante para uma mãe ver isso mas é isso que acontece. Explique que seu filho é autista e pronto, se a pessoa quiser entender, bem, se não o problema é dela, seu filho tem o mesmo direito de estar ali do que o dela. Como eu sei que o Miguel é agitado eu já chego falando nos lugares que ele é autista e cuido pra ele não se machucar, do mais não estou nem ai, eu aproveito o passeio. Leve seu filho nos parquinhos, eles são crianças e merecem se divertir, o Miguel adora o escorregador e sempre que posso eu levo ele, na minha mãe sempre vou à casa dela, ela leva o Miguel nos parquinhos da cidade porque sabe que ele adora. Claro que sempre vejo olhares "atravessados"  mas como eu disse nosso filho tem direito de estar ali e ser feliz como qualquer outra criança.


Ele adora brincar nesses playground
Vá as festas de aniversário com seu filho, mesmo se ele atacar a mesa de doces, claro que a gente segura o máximo mas as vezes eles escapam e sinceramente aprendi que não vale a pena se preocupar e deixar de levar o meu filho pra se divertir preocupada com o que a sociedade pensa, eu quero mais é ver meu filho feliz. Como eu disse não é sair e deixar eles fazerem o que quer, nós contemos bastante o Miguel, mas se ele acabar pegando um doce da mesa não é o fim do mundo. Pra sair na rua eu não gosto de sair sem o meu marido porque tenho medo de não conseguir segurar o Miguel, ele tem muita força e adora correr, então eu evito, e saio sozinha eu uso aquelas mochilas de coleirinha que são "polêmicas" mas já respondi algumas vezes que fui questionada que prefiro ver ele usando coleira do que correr o risco dele correr para a frente de um carro, e isso já aconteceu e graças a Deus conseguimos pegá-lo, mas e se a gente não tivesse conseguido? Então prefiro prevenir. Mas não deixo de sair. As vezes é estressante sim mas acho que vale a pena, não podemos prender nossos filhos dentro de casa até mesmo por uma comidade da gente do que é mais fácil, lembre-se que antes de autista seu filho e se ele ainda te dá trabalho nos passeios é porque ele ainda está aprendendo a lidar com o sensorial, afinal existe milhares de coisas ao redor para ele associar.

Dê uma chance a ele, tenho certeza que com o tempo ele ainda vai te pedir muito pra passear,  o Miguel mesmo, por ele a gente saia todos os dias,

 ele adora andar de ônibus, teve um dia que não iriamos sair e ele queria tanto que convenceu meu marido a ir com ele dar uma volta de ônibus. Quando vamos ao centro, sempre tem as lojas que ele quer entrar, as que vendem as guloseimas que ele gosta, as que tem escola rolante... Nem sempre entramos nessas lojas, as vezes até entramos só pra ele não dar muito trabalho, mas não pode ser sempre porque ele precisa entender que nem sempre será feita a vontade dele. Ou seja, precisamos ser flexíveis mas com limites também. É preciso muita paciência, mas afirmo que sempre vale a pena o nosso esforço.


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5 comentários:

  1. Muito bom seu post! Como fazer quando seu filho bate em outras crianças? Já quase apanhei de um pai no parquinho por causa disso.

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  2. Nada dar direito as pessoas bater nas outras.
    Conhecer o motivo evita danos maiores no futuro para ambos os lados.

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  3. Tenho um filho autista e passo por tudo isso, gostei muito do seu post!

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  4. Viver isso é muito difícil. Deus nos dê força.

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