As vezes as pessoas comentam com a gente, como se isso fosse uma recompensa, e por outro lado eu tento sempre tirar o melhor de cada situação que vivo, e quando o autismo entrou em minha vida eu me tornei uma pessoa melhor sim, mais paciente, reconheço bem mais, o que realmente importa na vida e porque não mais humana? aprendi a olhar a necessidade e dificuldade do próximo .....
Ser mãe é uma maratona deliciosa, e alguns momentos no sentimos exaustos a ponto de não conseguir dar mais um passo e no outro estamos com o fôlego e disposição de um começo de corrida, e por isso achei que a melhor definição seria mãe de aço e de plástico. O aço é metal pesado e super resistente, quase invencível e o plástico é resistente até certo ponto, em algum momento acaba se quebrando.
Sabe quando somos de aço? Quando nossos filhos tem dificuldades para falar ou não fala uma palavra, apenas te olha e você sabe exatamente o que ele quer te dizer com aquele olhar, você entende que ele quer aquela determinada bolacha daquela marca, daquele sabor e você tem a certeza de qual é, afinal você interpreta cada palavra que seu filho não fala, e no mesmo momento podemos ser de plásticos, frágeis porém suportamos, quando pensamos que aquele olhar pode estar pedindo ajuda pra se comunicar e você se sente impotente, sem saber o que fazer pra ajudar seu filho a melhorar a comunicação.
Somos de aço naquelas situações em que alguém aponta nosso filho como uma criança incapaz e a discriminação e preconceito vem à tona e nós nos tornamos mães leoas e defendemos nossas crias com unhas e dentes, mas somos de plástico ao chegar em casa e se lembrar dessa situação e desabamos em lágrimas pensando em o quanto daríamos para que nossos filhos nunca passassem por isso. Somos de plástico ao acabar de ouvir o diagnóstico de nosso filho e é a primeira vez que desabamos de verdade e parece que o mundo acabou, mas logo depois somos de aço para correr atrás de terapias e tudo o que for preciso para melhorar a qualidade de vida dos nossos pequenos.
São mães de aço aquelas que levam seus filhos aonde as próprias perninhas dos pequenos não os podem levar mas cada uma tem seu momento de ser de plástico quando chega em um lugar que não está preparado para receber um cadeirante e ela tenta entender porque nem todas as pessoas ainda se preocupam com isso, às vezes se sente invisível, ninguém parece ver suas lutas diárias, ou ficam olhando com olhar de pena e não é bem isso que essa mãe queria, só queria que todos a tratassem e a seu filho com dignidade.
Somos de aço para não chorar na frente dos nossos filhos e maridos, afinal temos sempre que mostrar que somos fortes. Somos de aço depois de saber que nossos filhos não foram convidados para uma festa de aniversário e você nesse momento em que seria de plástico, você respira fundo e promete levar o filho para um passeio, afinal você também quer vê-lo se divertir.
Eu e meu principe |
São de aço aquelas mães que tiveram que ver seus companheiros indo embora e as deixando sozinhas na luta simplesmente porque não aceitaram o diagnóstico do próprio filho e desistiram dessa luta deixando essas mães sozinhas, e olha que não são poucas. Somos de aço ao entrar em um ônibus lotado e ninguém nos dar um lugar porque nosso filho "parece normal". Somos de aço naqueles momentos que seu filho não aceita alimentação e nos viramos nos 30, pra tentar convencê-los a se alimentar.
Somos de aço naquele dia que eu chamo de cão quando por uma quebra de rotina seu filho fica agitado e chorando o dia todo e nós precisamos ter toda paciência do mundo.
Somos de aço porque nunca podemos ficar doentes, depressivas, estresse excessivo, morrer então? Não podemos, porque aí quem vai cuidar dos nossos filhos, ter a mesma paciência e ainda todo o carinho e amor que sentimos. Mas não se iluda, não somos sempre de aço, muitas vezes somos de plásticos. Muitas vezes choramos, ficamos bravas, nos estressamos, nos cansamos... Tem dias que tudo o que queríamos é algumas horinhas mais de sono, ou então algumas horinhas sozinha só pra gente, afinal somos mães sim , mas também somos gente e merecemos um momento só para nós que nem sempre todas as mães conseguem. Não me julgue se em um dia eu fico aliviada por ter com quem deixar meu filho mesmo que por poucas horas só pra mim fazer um passeio, e pensa que nesse passeio nos esquecemos dos nossos filhos? Tudo o que vemos a gente fica imaginado neles e pra eles.
Eu também me sinto muito cansada naqueles dias de várias crises e fico torcendo para o dia acabar logo. fico aliviada quando ele finalmente dorme depois de resistir o sono por horas aliás eles parecem que nunca cansam, mas eu me canso sim. Esses são meu dias de mãe de plástico, e eu peço só um momento pra me refazer, eu sei que sou forte mas também me canso, nunca se esqueça que sou humana, queria ser sempre de aço, mas as vezes as lutas me tornam frágil e você não faz ideia o quanto aquele elogio que me fez me tornou forte de novo, me faz lembrar que sou capaz de vencer, mato um leão por dia, mas todas as manhãs eu tento renovar minhas forças porque se não é fácil pra mim imagina pro meu filho que sempre tem que ouvir que é diferente. E eu? Sou diferente, e dai? Sou forte pra lutar pelo meu filho mas não me julgue se no meio da batalha você me ver no chão, eu posso estar recarregando minhas forças para voltar a lutar como um guerreiro, não é à toa que fizeram pesquisas e disseram que uma mãe de autista experimenta um nível de estresse equivalente a um soldado em combate, estamos em uma luta diária, mas não vamos desistir nunca.
Me identifiquei muito com o texto, verdadeiramente relata como somos! Obrigada por nós compartilhar, você certamente é um instrumento de Deus em nossas vidas!
ResponderExcluirAmém Julia
ResponderExcluirApaixonante...simplesmente apaixonante,tão simples,tão real,amei encontrar o seu Blog,um carinho nos nossos corações que as vezes ficam tão doloridos.
ResponderExcluirChorei muito pq realmente tudo isso e verdade doi tanto quando nosos filhos fazem birase as pessoas disem que e falta de educação neses momento não consigo conter as lagrimas
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