segunda-feira, 4 de julho de 2016

A medicação no autismo



Acho que de repente essa se torna a maior dúvida de nós pais de crianças autistas, dar ou não medicamentos controlados para o meu filho? É um assunto importante e foi grande a minha surpresa quando fui pesquisar sobre o assunto e não achei praticamente nada, por isso vou relatar minha pouca experiência já que o Miguel só toma uma medicação, mas acho que posso falar um pouquinho. As opiniões se dividem muito nesse assunto, e acho válido cada uma, porque como sabemos, nossos filhos autistas são únicos e o que pode ser ótimo para o meu filho, de repente não dê resultado em seu filho, por isso devemos avaliar cada caso separado. Acho bom ouvir outras opiniões porque as vezes quem está de fora do que estamos vivendo, pode enxergar um pouquinho melhor a situação e quero deixar esse post em aberto a diferentes opiniões, compartilhe com a gente a sua experiência. 

.....

O Miguel começou a ser acompanhado pela neuro ele já tinha 3 anos, antes disso, ninguém nunca nos falou em autismo, mas já vivíamos várias experiencias sem saber que era do autismo. 

Ele era uma criança hiperativa, não existia sentar para o Miguel e ele não parava para nada, e dormir era uma dificuldade e tanto. Altas madrugadas acordado e tinhamos que ter pique para ficar acordados com ele. Só dormia depois das 2 ou 3 horas da madrugada e o pouco que dormia já recarregava as energias que parecia que ele tinha dormindo a noite toda. Mas o tema "dormir" vou deixar para um outro post. Nessa época, sair com o Miguel era complicado, porque ele não andava, ele corria e se descuidássemos, ele saia correndo sempre. Ir na igreja era estressante, ele ficava correndo o tempo todo, tirando a atenção das pessoas e eu mesmo nem sabia o que tinha sido falado lá no sermão. Ir a um restaurante era impossível, era só estresse porque o Miguel não queria sentar nem por uma minuto e corria pelo lugar todo. Em casa, parecia que eu tinha um furacão dentro de casa, ele tirava tudo de dentro dos armários, jogava tudo no chão, até as portas do meu guarda-roupa ele tirava (não me pergunte como)

Ficamos um ano levando ele nas terapias e na neuropediatra, e ela nunca sugeriu nenhum medicamento, como eu não queria dar medicação para ele, também não questionei. Na verdade, ela agiu ao contrário de alguns neuros que parecem que já estão com a receita pronta quando você entra no consultório. Gosto muito dessa neuro que atende o Miguel, ela é especialista em autismo e uma ótima neuro, muito humana e paciente, e eu tenho muita confiança nela, falo isso porque alguns médicos não são muito amigáveis, mas essa doutora é muito especial. Pois bem, depois de um ano ela atendendo Miguel, eis que surge uma vaga na Apae da minha cidade para o Miguel estudar, meu Marido sempre me acompanha em todas as consultas, aliás em tudo ele sempre me acompanha, mas no dia da avaliação ele teria que trabalhar e eu tive que ir sozinha de ônibus. Pensa em uma tortura 'rsrs, foi horrível! o Miguel super agitado, corria pelo lugar inteiro, isso sem falar nos terminais de ônibus, eu quase não o conseguia segurar. Quando chego para a avaliação por coincidência era a mesma neuro que atende o meu filho em um outro local que faria a avaliação (inclusive ela até não me aconselhou a deixar o Miguel na Apae, e eu assim recusei, mas isso tambem é assunto para outro post). A consulta demorou e ele quase colocou o lugar no chão abaixo, eu estava esgotada, não só por aquele dia mas por todos os outros que já estávamos vivendo em casa e sem dormir e ele ainda estava ficando uma criança muito nervosa. Quando entrei na sala da médica, eu simplesmente falei logo depois que a cumprimentei "Doutora, pelo amor de Deus, eu preciso de uma medicação para o Miguel porque já não estou dando conta mais." Conversei muito com ela sobre o que estava acontecendo e ela passou o Respidon (Risperidona) 1mg para tomar a noite. As coisas já começaram a mudar, o Miguel passou a dormir um pouquinho melhor, a agitação melhorou mas ainda não sentava pra nada. Duas consultas depois que ele começou a tomar a medicação conversamos sobre a pouca melhora e a neuro então receitou o mesmo medicamento mas agora de 2 mg. o Miguel já ficou outra criança, passou a dormir cedo e super bem. Acabou as "sessões de escalada" nos móveis da casa, toda aquela agitação, na igreja já ficava o tempo todo no meu colo, mas o sentar em casa pra assistir um desenho por exemplo, ainda era difícil. 


Ele começou a ir para uma escola regular perto de casa e claro que não demorou para me chamarem , porque não conseguiam trabalhar nada com o Miguel já que ele não sentava para nada, acredito que que queriam que ele começasse a tomar Ritalina pelo o que me disseram. Lá fui eu conversar com a neuro de novo, mas a neuro foi categórica em dizer que o Miguel não podia tomar por causa da idade e ela também não via necessidade, que essa questão de sentar poderia ser aplicada com uma disciplina, e eu claro que não concordei também em dar uma medicação tarja preta para o meu filho. Se isso pode ser evitado. Quero evitar. Muitas crianças estão tomando essa medicação sem a total necessidade, apenas porque  pais e professores julgam que a criança é hiperativa e não consegue lidar com a situação,  já que a escola reclamava tanto, ela colocou meio comprimido de Risperidona pela manhã,  e é só o que ele toma até hoje, o Respidon 2 mg, sendo meio comprimido de manhã e 1 à noite. Pronto, aí sim o Miguel mudou, de repente começamos a ver a diferença e hoje ele deita no sofá tranquilamente para assistir os filmes, podemos sair com ele para a pizzaria que ele fica sentado, é calmo e mais concentrado e na igreja agora dorme, a melhora é incrível e todos comentam. Claro que os créditos não são só da medicação mas das terapias também.

Essa é a minha experiencia com medicação, sim foi eu que pedi para a neuropediatra porque a situação estava insustentável. Eu sempre fui contra e muito resistente a dar medicação para o meu filho, eu via algumas crianças que tomavam e ficavam paradinhas nem mesmo brincavam, e essa era a ideia que eu tinha de remédio controlado, e não queria ver meu filho assim. Mas não estava dando mais, quem começou a tomar calmantes foi eu porque eu não dava conta de tanta agitação do meu filho e isso o prejudicava também. Parecia que ele estava "ligado" 24 horas por dia e não conseguia se "desligar", acho que isso trazia um desgaste nele também. Mas já ouvi pais relatarem dessa mesma medicação que não resolveram nada para o seu filho, e que continuou agitado e a medicação parecia água, não trouxe resultado nenhum, e ou outras crianças que pareciam ainda mais agitadas por conta da medicação, acredito que em alguns faça o efeito contrário, devemos lembrar que cada organismo é de um jeito. O Miguel mesmo, quando toma dramin faz o efeito contrário, e quando eu tomo me dá um sono enorme e tenho que dormir, já o Miguel fica mega agitado. 

Segundo os especialistas, o tratamento do Autismo é interdisciplinar e pode ser dividido em quatro eixos: intervenções psicossociais, intervenções desenvolvimentais, medicação e suporte educacional. Todos são fundamentais e variam de acordo com o perfil, tipo e intensidade dos sintomas autísticos da criança. A intervenção psicossocial permite adequar o comportamento do autista ao ambiente e corrigir disfunções no seu comportamento ajustando-o com o dos ambientes diversos, porém, a medicação, continua o profissional, e é utilizada para melhorar comportamentos agressivos, estereotipais, hiperatividade, sintomas opositivos, distúrbios do sono, problemas alimentares, fobias e psicoses. Nem todas as crianças apresentam tais estereotipias. “No entanto, aqueles que apresentam essas características necessitam desse procedimento, pois serve para reduzir o excesso dessas atitudes”  Minha opinião é que você converse muito com o médico do seu filho, se quiser, passe em mais de um médico para ver se terão a mesma opinião, apesar de que se o neuro acompanha seu filho a muito tempo acho que ele pode entender melhor o que pode ser bom pro seu filho. Se tiver que optar por dar a medicação, tenha paciência, com o Miguel acertamos de primeira, apenas adaptando a dose, mas não é assim com todos, a adaptação ao remédio é muito difícil, e pode ser necessário mudar várias vezes quando um não dá certo, ou acertar as doses como no nosso caso, mas o resultado final é que a criança consegue lidar melhor com as dificuldades, e se a melhora da criança é visível, não há porque ter medos.  

Mas o uso do medicamento deve ser prescrito pelo médico, e é indicado quando existe alguma comorbidade neurológica e/ou psiquiátrica e quando os sintomas interferem no cotidiano. 

Mas vale ressaltar que até o momento não existe uma medicação específica para o tratamento de autismo, apenas se trata o que está desregulado na criança. É importante o médico informar sobre o que se espera da medicação, qual o prazo esperado para que se perceba os efeitos, bem como os possíveis efeitos colaterais, embora as bulas de medicamentos muitas vezes nos assuste demais, e quando falo "medicamentos" não quero dizer os controlados não, mas até os efeitos colaterais do "paracetamol" que vem na bula é preocupante, por isso converse muito com seu neuro, ele poderá te esclarecer. Pese em uma balança os prós e os contras, veja o que seu filho pode ganhar se tomar medicação e os ganhos sem medicação. Acho válido avaliar se as atitudes ou manias, se assim podemos chamá-las, está prejudicando seu filho. Vejo muitos relatos de mães e as opiniões se dividem. Acho que nossos corações vão sempre ficar apertados quando se trata desse assunto. Meu filho toma, mas eu adoraria que ele não precisasse, ainda sonho com o dia que ele não precise mais, por enquanto não dá, já tentei tirar a dose de cedo pelo menos, e ele ficou mega agitado e nervoso, então vamos manter, já que é para o bem dele. Muitas crianças se autoagridem e isso se  torna algo incontrolável pelos pais e aí que entra a necessidade de medicamentos, por isso, acho cada caso único e deve ser avaliado pelos pais  e médicos responsáveis. 

PS: Existem também opções homeopáticas e você pode levar seu filho a um médico homeopata que ira te direcionar nessa opção de  tratamento. Pesquise outras alternativas caso decida não medicar, pesquise e vá atrás. 

Para encerrar, quero deixar claro mais uma vez que não estou dizendo para você dar ou não medicação a seu filho, apenas relatei minha experiencia e minha decisão aqui. Conheço mães que optaram e dar em mães que optaram em não dar e todas parecem ter feito boas escolhas para seus filhos. cada qual com sua decisão, você sabe melhor do que ninguém o que é melhor para seu filho. 

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3 comentários:

  1. Meu filho autista já passou em vários psiquiatras, gastei uma grana com medicamentos que funcionavam só o prineiro mês (dogmatil, neuleptil e amplictil). Passei em uma neuro maravilhosa pela rede pública aqui em Mogi das Cruzes que receitou risperidona. Meu filho é outra criança: a agressividade foi embora, seu contato visual aumentou e sua interaçåo com outras crianças melhorou muito... graças a Deus e a Dra. Vania!

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  2. Meu filho autista já passou em vários psiquiatras, gastei uma grana com medicamentos que funcionavam só o prineiro mês (dogmatil, neuleptil e amplictil). Passei em uma neuro maravilhosa pela rede pública aqui em Mogi das Cruzes que receitou risperidona. Meu filho é outra criança: a agressividade foi embora, seu contato visual aumentou e sua interaçåo com outras crianças melhorou muito... graças a Deus e a Dra. Vania!

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