sábado, 13 de agosto de 2016

ED.EXTRA | Como é ser pai do Miguel?




Olá muito prazer! Sou Otniel de Almeida, e sou com muito orgulho pai do Miguel Lorenzo. Bom, não costumo escrever bastante, mas fui desafiado pela minha esposa a Joice Almeida, editora oficial daqui, a escrever esse texto especial para o dia dos Pais ..... e com prazer aceitei a proposta!

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Vamos começar do comecinho.... Já se faziam mais de 3 anos de casado, quando a minha esposa ficou grávida pela primeira vez (e não sabíamos) só ficamos sabendo quando já estávamos perdendo nosso filho, porque era uma gravidez ectópica (gerada fora do útero) << SAIBA MAIS AQUI >> . Realmente foi um período difícil, pois quase perdi minha mulher, mas Graças á Deus deu tudo certo, e passou o sufoco! Aí começou a grande virada em nossa vida, o ardente desejo de sermos pais cresceu a cada dia, pedimos, suplicamos e desejamos esse momento, e então nasceu o nosso tão desejado filho: Miguel Lorenzo que veio ao mundo no dia 30 de Março de 2011. Nunca me esquecerei de te-lo pego ainda enrolado naquele lençol do hospital com sujeiras do parto (foi cesariana) e ele abriu os olhinhos, essa foi o primeira sensação de ser pai que senti, foi inesquecível esse momento (e faço questão de mencionar)  Ser pai é tudo de bom! Já amava e muito minha esposa, pois já estávamos juntos a mais de 8 anos (namoro + casamento) E ai começou a nova jornada .... O de ser pai!

Meu filho foi crescendo a cada dia, ganhando tamanho e força, e muita saúde! Os desafios foram cada vez mais acrescentados nesta jornada da vida, e eu sempre fiz questão de estar presente (em tudo), como todo bebê, ele se desenvolveu e se tornou uma criança aparentemente saudável. Foi quando tudo estava indo tão bem, que fomos desafiados! Por ironia do destino? Não! Digo que estamos sendo aprimorados a cada desafio, para nos tornamos mais fortes e capazes de gerar coisas grandiosas no presente e futuro. Vocês que acompanha o blog sabem que, o caminho a procura do diagnóstico do meu filho tem sido uma epopeia, desde quando começamos a desconfiar da condição "diferenciada" do Miguel, incansavelmente buscamos uma explicação para o caso e não tem sido fácil, alem do mais porque o diagnóstico ainda esta sob avaliação. Quem conhece o autismo sabe, não existe nenhum igual ao outro, e ha várias ramificações dentro do transtorno o que o torna incurável. Baseado nisso buscamos então tratamento intensivo e com grande prazer conseguimos alcançar vitórias sobre muitos desafios, o que me leva a estar em constante aprimoramento como pai,  e isso me leva ao ponto chave deste texto; Como é ser pai do Miguel?

Quando o Miguel nasceu, sinto que a maior realização que em toda minha eu poderia receber acabara de acontecer, ser pai é a melhor coisa que o homem pode ser; digamos que são muitas as situações que levam a este nobre ato, nem todos são pais biológicos é claro, e é nesse sentido que quero dizer. 

Ser pai do Miguel me fez tomar um novo sentido na vida, até então desconhecido por mim. E isso nos aponta para sentimento puro que é o amor, quando disse que nem todos são pais biológicos: quis afirmar que "fazer" filhos não é ser pai, mas amar, criar e educar. Nesta caminhada da escola e tratamentos que o Miguel faz, conheci muitas histórias de pais e mães, umas tristes e decepcionantes outras emocionantes. Sei de maridos que abandonaram suas mulheres porque não deram conta de criar e educar seu filho, ainda mais depois que descobriram o autismo em sua vidas, conheço profundamente essa história pois vivo ela a cada dia e é sim desafiadora. Há aqueles casais que se separam mas mantem vínculos próximos e ajudam criar seus filhos, mas tem muito daqueles que se distanciam e ignoram totalmente o filho que ajudou "fazer", isso é triste e revoltante. Mas tem um caso que conheci essa semana, que me deixou boquiaberto com a "fibra" que com aquele pai enfrenta a situação, esse pai deve ter menos de 50 anos e tem um filho de 26 anos, que tem autismo e outras síndromes e esse rapaz vive em constantes agitação e é bastante nervoso, o pai dele disse que ele toma um coquetel de remédios por dia, para controlar a agressividade e fazer ele se concentrar nas atividades, pois ele estuda na mesma escola do meu filho mas na ala adulta e isso sem contar que em 5 dias de aulas na semana ele consegue ir umas 2 ou 3 vezes com ele na escola, como se não bastasse a sua esposa sofre também de problemas mentais e trata com medicamentos também, esse pai vive em função de auxiliar esses dois, eu sentei pra conversar com ele e vi que temos muito que a aprender com a vida. 

Ser pai não é uma tarefa fácil, (e ainda mais de um autista) ter que acordar de noite pra trocar, dar mamadeira, ou fazer a criança dormir de novo depois de um pesadelo, ter que acordar disposto depois de dormir somente 2 horas porque seu filho quer brincar de madrugada mesmo, e quando vem as manias? Te toca da cama pra colocar as cadeiras da sala em cima,  ficar deitado com a mãos pra cima, e as vezes os pés também, e isso tudo as vezes no meio da madrugada, depois de ter ido dormir horas depois dele, porque é justamente essa hora que você e sua esposa vão "ajeitar" a casa, com ele acordado é impossível, não deixa nada no lugar (que tem um autista com hiperatividade, dentro de casa sabe que estou falando) e se sobrar, um tempo namorar, né? Bom, ser pai do Miguel me fez viver e enxergar um novo mundo até desconhecido "o mundo azul", mas fez ser mais tolerante, paciente e menos preconceituoso, e acreditar que a condição não define o futuro as escolhas sim. Realmente o meu filho é autista e isso eu não posso mudar, a condição que ele se encontra de autismo também não, mas o futuro melhor, menos doloroso para o meu filho eu farei. Enquanto isso ... aprendo mais do que ensino, hoje sou um novo homem e pai de Super Miguel que amo mais que tudo!

Então de coração, eu desejo que os pais especiais, nunca deixem de acreditar nos seus filhos, independente de um rótulo, estimulem sempre pois eles tem muito a nos ensinar. Só precisam de muito amor e nosso apoio incondicional!  



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