Na semana passada uma grande amiga, a Ninha postou em seu Facebook essa pergunta e eu me lembrei das inúmeras vezes em que me fiz essa mesma pergunta. Acho que nunca tive uma resposta definitiva mas me lembro de algumas das inúmeras coisas em que eu mesmo me respondi. Tenho certeza que ninguém planeja ter um filho autista, e eu já contei em como o Miguel foi planejado e desejado, agora acho que em uma nova gravidez eu me pegaria fazendo a pergunta em como seria a minha vida com um filho especial, mas antes do Miguel eu confesso que nunca pensei nisso, acho que nunca imaginamos como uma probabilidade real. Tudo o que respondemos quando nos perguntam se queremos menino ou menina , é que tanto faz, se vier com saúde tá ótimo, mas as vezes não pensamos na real importância desse "se vier com saúde". Não que o Miguel não tenha saúde, graças a Deus ele é muito saudável, autismo não é doença, mas claro que eu não planejei ser mãe de uma criança autista.
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As vezes me pergunto como seria nossas vidas sem o autismo, em algumas situações desafiadoras que passamos.
Por exemplo, quando vejo o Miguel querendo brincar com um grupinho de crianças e essas mesmas crianças o deixando de lado, eu já perguntei algumas vezes, como seria se o Miguel não fosse autista? Com certeza ele estaria brincando de carrinho ou qualquer outra coisa com essas mesmas crianças, não seria excluído das brincadeiras, imagino os priminhos vindo em casa brincar com ele, jogando bola com ele, imagino ele conversando com os avós, pedindo sua comida preferida, imagino ele me pedindo um presente de aniversário, ou de natal, e continuo querendo muito ver ele fazendo isso, mesmo que seja o presente mais caro da loja.

Talvez eu não fosse tão esgotada fisicamente e cansada mentalmente. Mas quer saber? Acho que com tudo isso eu é que seria uma pessoa diferente, eu sempre comento como me tornei uma pessoa melhor depois do Miguel e sei o quanto eu mudei. Mudei meu jeito de pensar, meu jeito de ser, hoje bem mais paciente e não como antes que tudo tinha que ser do meu jeito. Descobri que sou mais forte do que pensei. Hoje vejo crianças e pessoas adultas especiais como uma importância muito maior, e reconheço que antes passava despercebido também por mim, ou então eu sentia pena, hoje sei que eles não precisam que o olhamos com pena, devemos ter pena é das crianças que passam fome, frio, são órfãs e sozinhas ou abandonadas pelas famílias, as crianças especiais são apenas diferentes, mas superam todos os dias grandes desafios e sempre vencem, temos é muito o que aprender com eles, devemos é sempre olhar com um olhar de amor. Talvez eu não seria essa mãe tão leoa que enfrenta tudo e todos para garantir os direitos do meu filho.
Talvez eu não desse tanta importância pra cada aprendizado do meu filho e não comemorasse as pequenas conquistas como faço hoje. E no fim de tudo, quem me garante que tudo ocorreria como eu sempre pensei? Quem pode me garantir que ele não seria o garotinho briguento que só sabe bater em outras crianças? Quem me garante que ele seria gentil com os avós e os mais velhos em geral, ou ainda gostaria de ir pra escola e não seria aquela criança que faz birra e se joga no chão da loja querendo o brinquedo mais caro? Que me garante que ele seria um menino educadinho quando chegasse nos lugares, ou que ele realmente gostaria de futebol. Quem me garante que a minha casa seria mais organizada, ou que ele seria legal com as outras crianças. Talvez o que as vezes eu julgo importante, deve sim ser deixado de lado só pra atender ao chamado do meu filho e ficar com ele. Talvez eu dormisse mais, mas quem liga pra isso? rsrs ... né? Se dormimos demais deixamos de viver.

Já consegui conquistar muitas vitórias, vencer muitas barreiras, mesmo que as vezes venha as lagrimas, tristezas e grandes desafios.
Meu filho especial é o meu anjo, meu amigo, companheiro, amoroso. E a cada dia estou aprendendo mais e mais sua comunicação, e aproveitando o máximo de sua companhia . Ele é o ANJO que Deus me deu e que estou tendo o privilegio de usufruir deste tesouro aqui na terra. Nunca ouvi um " Mamãe eu te amo " completo e talvez nunca ouça... mas não tem preço receber inesperadamente um beijo, um cheiro, afago nos cabelos ou ser acordada com um beijo ou com um pulo em cima de mim... rsrs. Simplesmente eu acho que nada na nossa vida é por acaso, que Deus sabe tudo o que faz, busco diariamente ser uma boa mãe e fazer tudo posso para o meu filho. Isso sem falar nas amizades que o autismo me trouxe, pessoas do outro lado do Brasil que eu não poderia nunca conhecer, e que hoje mesmo sem nunca ter visto pessoalmente são minhas melhores amigas e entendem exatamente o que quero dizer e estão sempre prontas a me ouvir se preciso de alguém pra desabafar. Isso tudo não tem preço... E foi aí que eu aprendi através deste mundo virtual, que existem tantas outras mães que estão comigo nesta jornada! Batalhas diferentes mas guerras iguais, pelo mesmo objetivo. Para ser mãe de autista precisa de algumas doses de amor, energia, paciência, reflexo rápido, olho atentos, uns 8 pares de olhos na verdade, mas fazemos tudo isso com muito amor sempre. A verdade é eu acho que todas nós já nos fizemos ou faremos um dia essa pergunta, e como começa a resposta não importa muito, o importante é o que o final seja sempre "o mais importante é sempre ter aqui o meu filho!
Que lindo Joice, impossível não se emocionar! Você é uma guerreira e tenho certeza que o Miguel tem muito orgulho dessa mamãe.
ResponderExcluirObrigado Dai <3 Miguelzinho que me faz ser forte <3
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